sábado, 19 de fevereiro de 2011

A realização de um Sonho

Não me esqueço de nossa conversa, de como, finalmente, consegui me manifestar a você.
Já não queria me esconder do que pensava e sentia, havia tomado coragem, tornando-me digno de ser ouvido.
Finalmente pude declarar e declamar tudo o que outrora me consumia por não ser consumado
Não me lembro bem, mas seu sorriso era convidativo e quanto mais eu me abria, menos você se fechava.
Todas as palavras que falei pareciam harmonicamente mancomunadas e decididas a me ajudar a te conquistar.
E por mais que as emoções me desenfreassem a língua, a razão nunca me deixou cair na ribanceira da contradição
As palavras jorravam com tanta força e tanta vontade...
Nunca estive melhor, no auge do meu autocontrole, aliando com graça a razão e a emoção, tornando cada palavra como uma rosa que, pouco a pouco, se tornariam o buquê que havia preparado pra você naquela noite.
O discurso estava perto do fim e podia ver, entre os sorrisos que timidamente você deixava escapar, que as palavras lhe traziam alegria ao coração.
Encerrei minhas palavras colocando em suas mãos a caneta pra escrever ali, naquele momento, o início da nossa história, mas infelizmente ao tirar o bocal da caneta, como se por efeito colateral meu corpo começou a ser possuído por um calor causticante, alguém abriu a janela do meu quarto, acordei.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

SOM DE DENTRO

Som de Dentro
Sí solidão Sol me deu, caí em Mí, estou Sol.
Solidão por solidão, solo então.
Sol estarei e estarei em Mí maior que quando estava em ti
Com Dó da dor de estar Sol,
Mas o Sol sempre brilha pela manhã em Mi.
Lá canto, num canto sol, como sempre estive, mesmo em ti,
mas canto feliz a minha tristeza.
Já não te ouvirei nas minhas notas,
acordei, não quero mais acordes de luto, por isso luto.
Não quero notas sem escalas, não quero improvisos solitários,
cantei, cantei, cantei e cansei. Solo por Solo, Solo Sol.
E não haverá mais nada de ti em Mi, nem acordes, nem escalas, nem notas,
Se ainda há, cá em Mí, não se engana são acordes do fim.
e ainda que seja um Acorde Maior o tempo no compasso da vida o fará menor.
É hora de recompor o compositor.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Abra a porta e entre, mas, por favor, não repare a bagunça, é que todo dia eu mudo. Meus sentimentos, meus pensamentos, meus sonhos, meus projetos estão todos espalhados, e as vezes até confundo, faço do sentimento um projeto, e dos sonhos pensamentos, mas depois eu os organizo e cada coisa vai pra o seu lugar.

Tinha umas boas amizades, mas no meio dessa bagunça acho que as perdi. Quando mais precisei delas não as encontrei, e olha que eu as tratava com zêlo, colocando-as sempre no melhor lugar da minha casa, mas fazer o quê! O sumiço foi tal, que chego a pensar que nunca as tive.

Já tem coisas que adoraria perder, mas estão sempre a vista. Meus medos, por exemplo, estão por toda a casa e parece que cada vez que me desfaço de um, aparecem dois outros, é incrível!

E por falar nisto, peço-lhe que tome cuidado, existem sentimentos jogados ao chão que não tenho tido tempo de apanhar e outros que escondi e não me lembro onde guardei. O amor é um deles, não sei onde coloquei o meu amor, procurei por todo canto e não achei. Não me recordo de tê-lo deixado aos cuidados de ninguém, se bem me lembro, na última vez que que o vi ele está nas mãos de uma pessoa que o desprezava, desde então não me lembro de Tê-lo visto novamente. Cheguei a pensar que uma amiga que visita a minha casa o tinha levado pra da pra irmã, mas foi engano, ela levou a amizade que ofereci.

Mas em fim, fique a vontade, tem amizade por todos os lados, pode usurfruir dela sem medo que é de boa qualidade e não é perecível. E se tiver algum sentimento sobrando deixe comigo que eu guardo junto dos meus.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Entre Nós

Entre Nós
Entre isso e aquilo
Entre o sim e o não
Entre o sonho e a ilusão, estamos nós
Estamos sós
Entre o certo e o errado
O sujeito e o predicado
Entre o estado e a ação
Entre o erro e a correção, estamos nós
Entre a dor e alegria
Entre o pranto e a folia
Entre pensar e fazer
Entre sentir e dizer
Estamos eu e você
Entre todos e entre tantos,
Entre você, entre um tanto
que lhe permito saber
Que há em mim afeto
Um tanto torto, um tanto incerto
Cujo alvo é você
Que em mim gera agonia e dela faz poesia
que me permite escrever.

O Silêncio

O Silêncio

É o fim, o mais trágico deles, aquele em que nada acaba e tudo termina
Olho de dentro e não vejo nada fora, olho de fora, não me vejo dentro
Procuro me esconder do que vivo ou morro, mas nada adianta
Até me dou a uma contradança, a um contratempo, mas erro o passo e penso
é tarde de sol, é só de tarde e tarde demais, pra sonhar e pra dormir.
Num canto um silêncio, não canto, não tento
Se para algo atento é perda de tempo, nem dia, nem noite, me dá um alento.
Procuro como um louco a loucura para dela me valer
E quem sabe a dor para nela me ater
Mas nada é tudo o que tenho
O silêncio

sábado, 2 de outubro de 2010

O AMOR

-O amor é uma prisão! Pode haver quem pense assim ou não.
Quem simplesmente acredite que ele nos impulsiona a dar valor ao que de fato tem,
E que, em alguns casos, ao que não tem também
Há sempre quem fuja das garras do amor, quem tenha horror a liberdade de estar preso a alguém.
Há quem pense que o amor é fogo, e como todo fogo queima. Quem goste de fogueira, quem brinque com fogueira, quem pule fogueira, e há quem se queima e quando queima fere, e quando fere dói, e quando dói chora, e quando chora molha, e quando molha apaga.
Há quem diga que o amor é erva, que com os calos de suas mãos o cultive, para na maturidade deste, contemplar as cores e comer os frutos. Mas também existem aqueles que o cercam sobremaneira ao ponto de matá-lo sufocado.
Há também quem diga que o amor é rio, quem passe a vida querendo saber onde é a nascente. Almejando saber a largura e a profundidade e acaba esquecendo-se mergulhar, aí vem o verão e o rio seca.
Há quem diga que o amor é vida, que viva por amor, ame pra viver e morra por não amar. Quem gostaria de ter mais de uma vida para amar, apenas gostaria.
Há quem diga que o amor é sonho, e não queira acordar. Tudo o que quer na vida é dormir e sonhar, até que um dia tem um pesadelo.
Em fim, o amor é tudo, é prisão, é fogo, é rio, é erva, é sonho, só não é morte, mas pode haver quem pense que o amor é morte e mate ou morra.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Fim

O fim vem, e não há porque não vir
Vem para que afague a dor de quem sofre
Para que apague a chama que arde
Para que cesse em fim a saudade, o fim vem
Vem a saciar o faminto
Acalentar, então o aflito, o fim vem
As memórias se perdem
As histórias se esquecem
As lembranças perecem
Ele vem e traz consigo o alívio e a dor
A tristeza e o rancor
De quem fez ou quis fazer
Viveu ou quis viver
O fim vem, e a tudo silencia.