Já não queria me esconder do que pensava e sentia, havia tomado coragem, tornando-me digno de ser ouvido.
Finalmente pude declarar e declamar tudo o que outrora me consumia por não ser consumado
Não me lembro bem, mas seu sorriso era convidativo e quanto mais eu me abria, menos você se fechava.
Todas as palavras que falei pareciam harmonicamente mancomunadas e decididas a me ajudar a te conquistar.
E por mais que as emoções me desenfreassem a língua, a razão nunca me deixou cair na ribanceira da contradição
As palavras jorravam com tanta força e tanta vontade...
Nunca estive melhor, no auge do meu autocontrole, aliando com graça a razão e a emoção, tornando cada palavra como uma rosa que, pouco a pouco, se tornariam o buquê que havia preparado pra você naquela noite.
O discurso estava perto do fim e podia ver, entre os sorrisos que timidamente você deixava escapar, que as palavras lhe traziam alegria ao coração.
Encerrei minhas palavras colocando em suas mãos a caneta pra escrever ali, naquele momento, o início da nossa história, mas infelizmente ao tirar o bocal da caneta, como se por efeito colateral meu corpo começou a ser possuído por um calor causticante, alguém abriu a janela do meu quarto, acordei.